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Imagens focadas na compaixão reduzem os medos da compaixão independentemente do estilo de apego.

Título em inglês: Compassion Focused Imagery Reduces Fears of Compassion Irrespective of Attachment


Referência: Varley, D., Sherwell, C. S., & Kirby, J. N. (2025). Compassion focused imagery reduces fears of compassion irrespective of attachment. Journal of counseling psychology, 72(1), 69–79. https://doi.org/10.1037/cou0000770






Resenha crítica feita por: Dra. Tatiana De Nardi- CRP 07/13131- Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia; Especializanda em Terapia Focada na Compaixão pela AMEC e atual diretora financeira da AMEC.


Fator de impacto da Revista Journal of Counseling Psychology:

• Segundo Bioxbio, o IF de 2024 (reportado em 2025) é 3,8.

• O WoS Journal Info também confirma o JIF = 3,8.

• Outras fontes (“ivySCI”) dão valores semelhantes (~3,85).


O artigo de Varley e colaboradores (2024) tem como objetivo investigar se a intervenção breve baseada em imagem “cultivando o eu compassivo” é capaz de reduzir os medos de compaixão — por si, pelos outros e dos outros — e se as diferenças nos estilos de apego poderiam interferir nesse efeito. O estudo parte da compreensão, central na Terapia Focada na Compaixão (TFC), de que a experiência de compaixão mobiliza o sistema de regulação afetiva de calma e afiliação, e que muitas pessoas, especialmente com histórias de apego inseguro, temem essas experiências, associando-as a vulnerabilidade, rejeição ou

fraqueza.


Trata-se de um estudo experimental randomizado, com grupo intervenção e grupo controle em lista de espera, conduzido com 125 adultos da comunidade (amostra não clínica, média de idade 24,5 anos). Os participantes foram divididos aleatoriamente entre: Grupo intervenção (n=62): realizou, por 7 dias consecutivos, uma prática diária guiada de imaginação compassiva (10 minutos/dia) e Grupo Controle (n=63): não realizou nenhuma prática no período e teve acesso posterior ao material. Antes e depois da semana de intervenção, todos responderam aos instrumentos.


A prática proposta foi o áudio “cultivando o eu-compassivo”. um dos núcleos da TFC, que convida a pessoa a imaginar seu “eu compassivo” — um modo de ser que integra sabedoria, força e comprometimento em aliviar o sofrimento. O áudio incluía orientações de postura corporal, respiração ritmada e visualização ativa, estimulando qualidades de segurança interna e motivação compassiva. Solicitou-se que os participantes ouvissem o audio uma vez ao dia durante 7 dias por cerca de 10 minutos.


Após a intervenção, o grupo que praticou a imaginação compassiva apresentou reduções significativas em: Medo da autocompaixão, Medo da compaixão pelos outros, Medo da compaixão dos outros, conforme a Escala de Medos da compaixão de Paul Gilbert.


Além disso, tanto indivíduos com apego seguro quanto inseguro se beneficiaram igualmente da prática. Esses achados sugerem que o exercício de imaginação compassiva é eficaz e transversal, funcionando independentemente das diferenças de Estilo de apego, mesmo considerando que os participantes tiveram uma média de 4 dias de exercício.


Os autores interpretam que imaginar-se agindo e sentindo como um “eu compassivo” ajuda a ativar o sistema fisiológico de calma e afiliação (o “soothing system”) e, assim, reduz reações de ameaça ligadas à compaixão. Essa ativação de estados corporais seguros parece permitir que as pessoas se aproximem da compaixão de forma mais receptiva, mesmo quando suas histórias de apego dificultaram o desenvolvimento espontâneo dessa

capacidade. Trata-se de um recurso simples que diminui resistências e ampliar o acesso à compaixão, o que é especialmente relevante para quem se sente desconfortável em terapias tradicionais.


Do ponto de vista metodológico, o estudo é bem desenhado: apresenta randomização, controle, instrumentos validados e análise estatística robusta. A clareza com que descreve o procedimento facilita a replicação clínica e acadêmica. Entretanto, há limitações como: não houve follow-up, logo não se sabe se os ganhos se mantêm ao longo do tempo; o grupo controle foi passivo, impossibilitando descartar efeitos de expectativa e a adesão parcial (média de 4 práticas) pode ter atenuado o impacto total da intervenção.


Ainda assim, os resultados são encorajadores e apontam para a potência dos exercícios imagéticos como porta de entrada na TFC — especialmente para reduzir medos, bloqueios e resistências que dificultam o engajamento terapêutico.

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