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REFLEXÕES SOBRE ARTIGOS MAIS ATUAIS SOBRE A TERAPIA FOCADA NA COMPAIXÃO PARA ADULTOS AUTISTAS: O ESTADO DA ARTE

Autora: Dra. Tatiana De Nardi - CRP 07/13131- Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia; Especializanda em Terapia Focada na Compaixão pela AMEC e atual diretora financeira da AMEC.


Artigo 1: Terapia focada na compaixão com adultos autistas.

Título em inglês: Compassion-focused therapy with autistic adults.


Artigo 2: Terapia focada na compaixão para o autoestigma e a vergonha no autismo: um

estudo pré-experimental de caso único.

Título em inglês: Compassion focused therapy for self-stigma and shame in autism: a single case pre-experimental study.


Artigo 3: Terapia focada na compaixão (CFT) para a redução do autoestigma de transtornos mentais: protocolo do estudo COMpassion for Psychiatric disorders, Autism and Self-Stigma (COMPASS) para um ensaio clínico randomizado.

Título em inglês: Compassion-focused therapy (CFT) for the reduction of the selfstigma

of mental disorders: The COMpassion for Psychiatric disorders, Autism and Self-Stigma (COMPASS) study protocol for a randomized controlled study. Trials


Artigo 4: Examinando o impacto de uma intervenção breve focada na compaixão nas experiências diárias de compaixão em adultos autistas por meio de psicofisiologia e

amostragem de experiências.

Título em inglês: Examining the impact of a brief compassion focused intervention on everyday experiences of compassion in autistic adults through psychophysiology and experience sampling.


Artigos de referência:

Mason, D., Acland, J., Stark, E., Happé, F., & Spain, D. (2023). Compassion-focused therapy with autistic adults. Frontiers in Psychology, 14, 1–12.



Riebel, M., Krasny-Pacini, A., Manolov, R., Rohmer, O., & Weiner, L. (2024). Compassion focused therapy for self-stigma and shame in autism: A single case preexperimental study. Frontiers in Psychiatry, 14, 1–16.


Riebel, M., Rohmer, O., Charles, E., Lefebvre, F., Weibel, S., & Weiner, L. (2023). Compassion-focused therapy (CFT) for the reduction of the self-stigma of mental disorders: The Compassion for Psychiatric disorders, Autism and Self-Stigma (COMPASS) study protocol for a randomized controlled study. Trials, 24 (393).


Sherwell, C. S., Varley, D., Kinnane, C., et al. (2025). Examining the impact of a brief compassion focused intervention on everyday experiences of compassion in autistic adults through psychophysiology and experience sampling. Applied Psychophysiology and Biofeedback, 50, 247–260. https://doi.org/10.1007/s10484-024-09681-y


Informações sobre as revistas:

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A literatura recente demonstra que muitos adultos autistas vivenciam experiências adversas, incluindo rejeição, capacitismo, críticas sociais e estigmatização. Esses fatores frequentemente contribuem para dificuldades que promovem a vergonha, a autocrítica e crenças negativas sobre si mesmos, aumentando a vulnerabilidade para problemas de saúde mental. Nesse cenário, a TFC emerge como uma abordagem promissora, pois oferece um modelo despatologizante e “desvergonhador”, destacando que padrões emocionais e de regulação não são culpa do indivíduo, mas resultados de fatores evolutivos, ambientais e relacionais.


O artigo de Mason et al. (2023) enfatiza a relevância da TFC para compreender e tratar dificuldades relacionadas à vergonha em autistas, propondo adaptações específicas, como simplificação da linguagem, uso de recursos visuais e integração de práticas sensoriais. O foco está em equilibrar os sistemas de ameaça (vermelho), de busca de recursos (azul) e de calma (verde), favorecendo maior conexão social e autocompaixão. Embora seja um texto de caráter teórico e clínico, ele sustenta a necessidade urgente de práticas terapêuticas que atendam às especificidades autistas.


Complementando essa perspectiva, o estudo de caso único apresentado no artigo de Riebel e colaboradores (2024) fornece evidência empírica inicial da aplicabilidade da TFC em adultos autistas. Nele, observou-se aumento significativo da autocompaixão e redução moderada da vergonha e do estigma internalizado, com manutenção dos efeitos em seguimento. Esse resultado, embora limitado pela amostra reduzida, fortalece a hipótese de que a TFC pode ser eficaz na diminuição do sofrimento psicológico de pessoas autistas. Este grupo de pesquisadores vem desenvolvimento um ensaio clínico randomizado multicêntrico denominado COMPASS, cujo protocolo foi publicado no ano de 2023 (Riebel et al, 2023). Este se propõe a investigar a eficácia da TFC em reduzir o autoestigma associado a transtornos mentais graves e ao autismo. O autoestigma, caracterizado pela internalização de estereótipos e emoções negativas como a vergonha, está ligado a piores desfechos clínicos, isolamento social e dificuldades na adesão ao tratamento. Estão incluídos 336 participantes distribuídos aleatoriamente em três grupos: CFT em grupo (experimental), programa psicoeducativo Ending Self-Stigma (ESS, controle ativo) e tratamento usual (TAU, controle passivo).


Publicado neste ano, o estudo de Sherwell e colaboradores (2025) envolveu 24 adultos autistas que participaram de uma intervenção breve de TFC, utilizando autorrelatos, amostragem de experiências e medições fisiológicas. Os resultados indicaram melhorias significativas na autocompaixão e na redução do medo da autocompaixão, embora não tenha havido mudanças significativas nos níveis de estresse psicológico ou nas dificuldades de regulação emocional. Além disso, a prática da compaixão foi associada a uma ativação maior do sistema afetivo calmante, conforme medições fisiológicas. Esses achados sugerem que intervenções focadas na compaixão podem ser acessíveis e eficazes para lidar com dificuldades emocionais em adultos autistas.


Assim, o estado da arte indica que a TFC se encontra em fase inicial de investigação no contexto do autismo: há fundamentação teórica consistente, estudos exploratórios encorajadores e adaptações clínicas bem delineadas, mas ainda faltam ensaios clínicos robustos e de larga escala com resultados publicados. O campo caminha para consolidar evidências e os pesquisadores se mostram otimistas de que TFC possa oferecer recursos terapêuticos valiosos para implementação em serviços de saúde mental.

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