O Papel do Estilo de Apego do Terapeuta na aliança terapêutica e nos desfechos do tratamento: uma revisão sistemática da literatura.
- Mente Compassiva
- 2 de jul.
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Título em inglês: The Role of Therapist Attachment in Alliance and Outcome: A Systematic Literature Review.
Referência: Degnan, A., Seymour-Hyde, A., Harris, A., & Berry, K. (2014). The Role of Therapist Attachment in Alliance and Outcome: A Systematic Literature Review. Clinical Psychology & Psychotherapy. doi: 10.1002/cpp.1937. Epub 2014 Dec 2.
(Artigo não está em livre acesso online, pode ser encontrado para aquisição no link: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1002/cpp.1937 )
*A revista Clinical Psychology and Psychotherapy tem o fato de impacto de 3,2, referente ao ano de 2023, conforme o Journal Citation Reports. Classificação por quartil Q1 (primeiro quartil na área de Psicologia Clínica)
Resenha Crítica
Introdução
O artigo apresenta uma revisão sistemática que examina como o estilo de apego do terapeuta influencia a aliança terapêutica e os resultados do tratamento. Partindo da premissa de que a qualidade da aliança é uma preditora robusta dos resultados terapêuticos, os autores buscaram investigar se as experiências relacionais precoces dos próprios terapeutas (refletidas em seus estilos de apego) interferem na construção dessa aliança e, por consequência, nos desfechos da terapia.
Metodologia
A revisão identificou 11 estudos empíricos que avaliaram a relação entre estilo de apego do terapeuta e a aliança terapêutica e/ou resultados clínicos. A seleção foi feita a partir de buscas sistemáticas em bases científicas. Os estudos incluídos eram heterogêneos em termos de amostra, métodos e instrumentos utilizados.
Principais Resultados
Os dados revelam evidências preliminares de que:
Terapeutas com estilos de apego seguros tendem a estabelecer alianças mais fortes.
Interações entre estilos de apego do terapeuta e do cliente influenciam a qualidade da aliança e os resultados.
A insegurança do terapeuta (por exemplo, evitação ou ansiedade) pode dificultar o vínculo com clientes, especialmente se estes também possuem estilos de apego inseguros.
No entanto, os resultados devem ser interpretados com cautela devido a limitações metodológicas, como amostras pequenas, desenhos transversais e ausência de padronização nas medidas de apego e aliança.
Contribuições para a Prática Clínica
O artigo destaca que:
O autoconhecimento do terapeuta sobre seu próprio apego pode promover maior sensibilidade relacional.
A formação e supervisão clínica devem incluir a exploração do estilo de apego dos profissionais, como forma de promover relações terapêuticas mais seguras e eficazes.
Pontos Fortes
Relevância clínica: A investigação do apego do terapeuta é um tema pouco explorado e altamente relevante para a prática psicoterapêutica.
Integração teórica: O artigo articula bem as contribuições da teoria do apego com o conceito de aliança terapêutica, baseando-se em modelos sólidos (como o de Bordin, 1994).
Mensagem prática clara: O texto se destaca por fornecer implicações práticas objetivas para supervisão e formação de terapeutas.
Limitações
Heterogeneidade dos estudos incluídos: A diversidade nos métodos e medidas empregadas limita a comparabilidade entre os resultados.
Falta de estudos longitudinais: Poucos estudos consideraram mudanças ao longo do tempo ou estabeleceram relações causais.
Pouco detalhamento do papel da contratransferência: Embora implícita na discussão, faltou uma exploração mais direta sobre como o apego do terapeuta pode se manifestar contratransferencialmente no vínculo terapêutico.
Considerações Finais
O artigo cumpre seu objetivo de mostrar que o estilo de apego do terapeuta é um fator relevante na aliança e nos resultados terapêuticos, embora a área ainda careça de mais evidências robustas. Trata-se de uma leitura importante tanto para pesquisadores quanto para clínicos, pois convida os profissionais a refletirem sobre como suas próprias histórias afetivas influenciam suas práticas.
Resenha Crítica feita por: Dra. Tatiana De Nardi - CRP 07/13131- Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia; Especializanda em Terapia Focada na Compaixão pela AMEC e atual diretora financeira da AMEC.


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