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A aceitabilidade da Terapia Focada na Compaixão empopulações clínicas: uma metasíntese da literatura qualitativa

Atualizado: 28 de mai.

Garrett, C., Smith, D. M., & Wittkowski, A. (2025).

"The acceptability of compassion-focused therapy in clinical populations: a metasynthesis of the qualitative literature". Frontiers in Psychiatry, 16, 1400962.






Resumo feito por: Tatiana de Carvalho De Nardi - psicóloga e psicoterapeuta - mestre e

doutora em Psicologia pela PUCRS



Sobre Fator de Impacto da Revista

● Fator de Impacto (JCR 2024–2025): 5.435 Academic Accelerator​

● CiteScore (Scopus): 6.2 ​ Journal Finder

● Quartil: Q1 na área de Psiquiatria e Saúde Mental ​resurchify.com


Esses indicadores mostram que a revista tem boa visibilidade e reputação na área da psiquiatria. Embora seja oficialmente uma revista de psiquiatria, o artigo se encaixa muito bem em pesquisas e práticas de Psicologia Clínica, Psicoterapia e Psicologia da Saúde. - para quem pesquisa ou atua em psicologia, especialmente com intervenções terapêuticas, esse artigo é altamente relevante e vem de uma fonte com forte impacto acadêmico.


Introdução ao artigo

Esse artigo analisou vários estudos qualitativos para entender o que as pessoas acham da

Terapia Focada na Compaixão (TFC), especificamente quando ela é feita em grupo com

pessoas que lidam com diferentes diagnósticos psiquiátricos.


Objetivo: Investigar a aceitação da TFC entre populações clínicas para entender como os

pacientes vivenciam essa abordagem em grupo.


O que eles encontraram?

Foram analisados 12 estudos com 106 pessoas que participaram de grupos de TFC. A partir

disso, surgiram 5 temas principais:


1. Antes de começar a intervenção: Muitos participantes relataram sentimentos intensos de culpa, vergonha e autocrítica. Alguns se sentiam desconectados dos outros ou temiam o julgamento.


2. Quando ouviram falar da terapia: Inicialmente, muitos demonstraram resistência ou ansiedade, especialmente por medo de se expor ou não entender bem o conceito de autocompaixão.


3. Durante o processo: Aos poucos, foram vendo que a terapia fazia sentido. Principais achados sobre o processo:

  • Os participantes valorizaram a segurança emocional do grupo.

  • As práticas como respiração ritmada e visualizações foram inicialmente desafiadoras, mas úteis.

  • A conexão com os facilitadores e com outros participantes foi considerada essencial.


4. Depois da terapia: A maioria relatou mudanças positivas:

  • Aumento da autocompaixão e redução da autocrítica.

  • Melhoras nas relações interpessoais.

  • Transformações positivas na autoimagem.


5. Final do grupo: Os participantes mencionaram uma certa tristeza de acabar. Mas também um sentimento de que ali tinha começado algo importante, que levariam para a vida.


Conclusão da pesquisa:

A TFC em grupo é altamente aceitável para diversas populações clínicas, independente do

diagnóstico. A estrutura do grupo, o papel dos facilitadores e a abordagem compassiva foram cruciais para o engajamento e a eficácia percebida. A pesquisa reforça a importância de considerar a experiência dos usuários ao oferecer intervenções psicológicas. Enfim, a terapia parece ser uma excelente aposta para aprender a ser mais compassivo e cuidadoso consigo mesmo e oferecer acolhimento.


Resenha Crítica do Artigo


Limitações


1. Foco exclusivamente em grupo:

Apesar de justificar o foco em intervenções grupais, o estudo exclui experiências individuais que também poderiam enriquecer a análise – principalmente considerando que algumas pessoas têm mais dificuldade em se abrir em grupo.


2. Pouca diversidade cultural:

A maioria dos estudos foi conduzida em países de língua inglesa (Reino Unido, Irlanda e Nova Zelândia). Isso limita a compreensão da aceitabilidade da TFC em outras culturas, especialmente onde o conceito de compaixão pode ser interpretado de formas diferentes.


3. Ausência de críticas mais contundentes:

Embora mencione dificuldades iniciais com os exercícios e o medo de se expor, o artigo poderia se aprofundar mais nas resistências ou nas falhas da terapia. A análise tende a ser bastante positiva e pode passar uma impressão otimista demais.


Pontos fortes


1. Relevância do tema:

A abordagem da TFC ainda não é tão difundida como outras terapias cognitivas e comportamentais , então explorar sua aceitação entre pacientes é extremamente válido, especialmente num formato de grupo, que é mais acessível em contextos de saúde pública.


2. Profundidade dos relatos:

A escolha por analisar estudos qualitativos dá voz direta aos participantes. Isso permite compreender não só se a terapia “funciona”, mas como ela é vivida. Sentimentos como vergonha, medo de julgamento, e transformação pessoal aparecem de forma sensível e humana.


3. Contribuição para a prática clínica:

O artigo oferece insights importantes para quem aplica ou deseja implementar a TFC. Mostra o valor do grupo como espaço seguro de troca, além de destacar o papel central dos facilitadores para o sucesso da intervenção.


Avaliação geral: este é um artigo bem construído, com uma análise sensível e rica sobre como pessoas em sofrimento psicológico se relacionam com a ideia de se tratarem com mais compaixão. A TFC aparece como uma alternativa poderosa e humana dentro das abordagens terapêuticas atuais. Ao mesmo tempo, a pesquisa poderia ser mais crítica ao analisar as barreiras de implementação da TFC no sistema de saúde, ou as limitações de acesso e adesão em populações mais vulneráveis.


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