Contextos Clínicos, v. 14, n. 3, set./dez. 2021 ISSN 1983-3482
Souza, D. B.; Pfeiffer, S.; Nonnemacher, C. B.; Ribeiro, N. C.; Lisboa, C. S. M.
Resumo: Experiências de bullying podem contribuir negativamente na visão do adolescente sobre ele próprio perante os pares. Hipotetiza-se que a adoção de uma postura calorosa, não-avaliativa e sensível do indivíduo ao experimentar sofrimento, como é definida a autocompaixão, pode ser uma estratégia adaptativa para situações hostis. Esse estudo investigou diferenças entre adolescentes quanto a níveis de autocompaixão e experiências de bullying, bem como a relação entre os dois construtos. Participaram 551 adolescentes, sendo 57% do sexo feminino, com idade média de 15,1 anos (DP= 1,7), estudantes de escolas públicas brasileiras. Análises de correlação de Pearson foram realizadas para investigar relações entre autocompaixão e bullying. Posteriormente, a amostra foi dividida em dois grupos extremos da escala de autocompaixão e comparou-se as médias. Foram encontradas correlações significativas e negativas entre a autocompaixão e tipos de bullying, bem como com os papéis de vitimização. Quando separados por grupos, os adolescentes com níveis mais elevados de autocompaixão apresentaram níveis menores de experiências de bullying e média maior no papel de defensor das vítimas. Observa-se que a existência de relações seguras e de apoio podem contribuir no desenvolvimento de habilidades e respostas compassivas de ajuda aos outros e de regulação emocional em situações difíceis.
Palavras-chave: bullying; autocompaixão; adolescência.
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